A noite
de 20 de julho de 2016 foi diferente no Quilombo São Pedro. Os universitários
Luiz Eduardo de França Dias, 18, que cursa Fisioterapia; Matheus Ribeiro da Silva,18, e
Wesley Silva de Almeida, 21, ambos estudantes de Direito deram uma aula sobre
Políticas Públicas, sistema de cotas, universidades, educação básica, situação
política atual do Brasil, escravidão, entre outros assuntos. Ao todo são 5
universitários quilombolas do Vale do Ribeira hoje em São Paulo, através da Ong Educafro.
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Foto: Vanessa de França |
Os
estudantes relataram as experiências obtidas sobre a vida na universidade na
cidade grande, bem como a necessidade de mais jovens acessarem os espaços que
sempre foram negados ao povo negro. Segundo Silva, que é do Quilombo
Ivaporunduva, “o nosso lugar é na universidade pública e não na particular”,
diz; pois “precisamos da universidade pública, porque não temos condições de
pagar”, reforça Dias, apontando a necessidade de reflexão sobre o sistema atual
das universidades no Brasil.
As cotas
nas universidades públicas também foi tema abordado pelos jovens. Segundo eles,
estudos comprovam a eficácia do sistema, quando comparados alunos cotistas com
aqueles que ingressaram pelo sistema convencional. “As cotas vem para
equiparar. Se os negros não estão ocupando as universidades não é atoa, é
porque algo lá atrás aconteceu... trata-se de uma dívida histórica e nada mais
é do que a escravidão”, afirma Silva. Entre diversas perguntas e respostas eles
ressaltaram a importância do Frei David, fundador e Diretor Executivo da ONG
Educafro (Educação e Cidadania para Afrodescendentes e carentes) na luta pelo
acesso e permanência do pobre e negro na Educação Superior. Além disso, dicas não
faltaram no evento. Almeida, por exemplo, afirmou em tom de apelo que “O ENEM é
que abrirá todas as oportunidades para vocês [jovens]”, direcionando-se para os
jovens e reiterando a importância do Exame Nacional do Ensino Médio. Segundo
ele, há omissão por parte do sistema educacional se tratando da qualidade da
Educação básica, o que acarreta na má formação acadêmica do jovem. Assim,
quando o estudante é de zona rural, tendo problemas como falta de ônibus,
estradas ruins, alimentação escolar péssima, além de aulas vagas, o resultado é
uma defasagem na aprendizagem quando esse mesmo jovem acessa o ensino superior.
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Foto: Vanessa de França |
O evento foi
o 3º bate-papo promovido pela Associação Quilombo São Pedro e pelo Grupo Cultural Puxirão Bernardo Furquim. No primeiro, a
temática abordada foi o Vale do Ribeira, Comunidades Quilombolas, acesso a
território; já no segundo, racismo, preconceito, bonecas negras e o negro na
mídia foram os temas discutidos. No entanto, este foi mais que especial, pois são
os próprios jovens falando para outros seguirem o mesmo caminho de luta. Assim,
o recado foi dado: “Estude aquilo que vai te dar um conforto pra poder ajudar a
sua família e sua comunidade; e àqueles que não tem mais condições de sair [pra
estudar] incentivem os mais jovens”, diz Almeida.
Parabéns para os Quilombolas palestrantes!
ResponderExcluirEstão colocando em prática o que APRENDERAM neste período!
Acho que é uma excelente semente! Foi plantada e agora é só regar!
Vai gerar muitos frutos!
Mais de 300 vagas para quilombolas
nas universidades públicas do Brasil não são ocupadas (perdem-se),
todos os anos, por falta de procura e informações dos quilombolas!
E lembrem-se:
é um vestibular a parte (quilombola disputado com quilombola!)
e os escolhidos recebem imediatamente R$ 900,00 por mês como bolsa auxilio!!!
Mando bem! Juventude que ousa lutar, constrói poder popular!
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