O último mês de janeiro foi diferente para as comunidades
quilombolas do Vale do Ribeira. Cinco estudantes conseguiram ingressar com
bolsa de estudos de 100% na Universidade São Francisco.
As universitárias Mariana Ribeiro da Silva, do Quilombo
Ivaporunduva e Carolyne Stephany da Silva, do Quilombo André Lopes, ingressaram
no curso de Biomedicina; Camila Fernanda Pereira de França, do Quilombo Sapatú
em Administração e Jaine Pupo Meira, também do Quilombo Ivaporunduva, está
cursando Farmácia; já o universitário Elder Rodrigues dos Santos, do Quilombo
Galvão, preferiu Ciências Contábeis. Eles foram contemplados pela parceria que
a Universidade tem com a Educafro (Educação e Cidadania para afrodescendentes e carentes). A Ong, coordenada pelo
Frei David Santos e com sede em São Paulo, tem tido papel importantíssimo na formação
de jovens em cidadania e inclusão desses em instituições de ensino superior.
A partir dos anos 2000 muitos quilombolas já tiveram
oportunidade de acessar a academia para graduação; alguns concluíram o Mestrado e outros prosseguem os estudos no Doutorado. É um dos objetivos da Escola Estadual Maria Antonia Chules Princesa, localizada no Quilombo André Lopes, onde os novos universitários estudaram toda a educação básica e que atende alunos de quilombos da região do município de Eldorado-SP. Recentemente, no ano de 2015 alguns quilombolas das comunidades de São Pedro e
Ivaporunduva ingressaram nos cursos de Direito, Fisioterapia, Ciências
Contábeis e Engenharia Civil. Hoje são referência e tem o papel importante no
incentivo de mais jovens para acessarem a graduação. “Nos Quilombolas com certeza fomos e somos os
que mais sofremos as consequências da escravização. Hoje o opressor não se utiliza
mais da chibata e das armas de fogo, eles usufruem da inteligência para conseguir
tirar o que é nosso por Direito, portanto é aí que entra a importância de
termos pessoas capacitadas dentro do Quilombo”, afirma o quilombola Matheus
Ribeiro da Silva, atualmente cursando o 3º semestre de Direito.
Em um momento pós-golpe, com inúmeros direitos ameaçados
e outros tantos já ceifados é de extrema importância o ingresso à universidade,
pois “estudar é a melhor forma de quebrar o sistema”, diz Camila França,
caloura do curso de Administração. Sabemos que as ações de hoje terão muitos
reflexos “...em todos os campos e estamos mostrando que podemos quebrar esse sistema excludente e a educação é a principal arma pra isso.”, cometa o universitário
quilombola Wesley Silva Almeida, matriculado no 4º semestre de Direito.
A tarefa não é simples, assim como o
histórico de resistência de nosso povo negro quilombola neste país, mas faz-se
necessária, pois “...é imprescindível que tenhamos Quilombolas presentes no mundo acadêmico,
só assim conseguiremos fazer frente a situação
e estaremos preparados para um futuro próximo com pessoas no
mesmo patamar de desenvolvimento para debaterem de igual para igual com aqueles
que nos oprimem.”, finaliza Matheus.
Em alguns dias está prevista a chegada de mais 9 calouros
bolsistas do quilombo Cavalcante, estado de Goiás; que se juntarão aos universitários
do Vale do Ribeira na cidade de Bragança Paulista, onde se localiza o campus da Universidade São Francisco em que eles estudarão.
Zumbi vive!
Dandara vive!
Luiza Mahin vive!
Luiz Gama vive!
Salve povo negro, povo quilombola!
Resistência Sempre!
Zumbi vive!
Dandara vive!
Luiza Mahin vive!
Luiz Gama vive!
Salve povo negro, povo quilombola!
Resistência Sempre!
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