por Luiz Ketu*
"É uma experiência que devemos seguir, saber como surgiu esse aprendizado, que é passado de geração a geração, através dos saberes, das nossas raízes e dos nossos mais velhos” (Bruna Marinho da Silva)
"É uma experiência que devemos seguir, saber como surgiu esse aprendizado, que é passado de geração a geração, através dos saberes, das nossas raízes e dos nossos mais velhos” (Bruna Marinho da Silva)
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*por Luiz Ketu e Cristina Américo
"A importância do Coletivo e das mulheres estarem reunidas é que uma fortalece a outra. Porque se nós não tivermos organizadas, nós não chegamos em lugar nenhum" (Elvira Morato- Quilombo São Pedro)
Poderia ser mais um dia comum de um final de semana comum no Quilombo São Pedro, comunidade localizada no município de Eldorado-SP, na região do Vale do Ribeira. Este sábado, 18 de setembro de 2021, foi mais do que especial, pois o Coletivo Mulheres Quilombolas na Luta celebra seus dois anos de existência.
Retomando a história…
O Coletivo Mulheres Quilombolas na Luta, ligado ao Coletivo de Mulheres da Coordenação Nacional de Quilombos (CONAQ), surge no ano de 2019 como organização intercomunitária visando o enfrentamento ao machismo, racismo e todos os tipos de preconceito que atingem mulheres quilombolas dentro e fora de seus territórios.
Após mais de 17 anos invisibilizadas nos movimentos sociais e impactadas por um período curto de suicídios de jovens dos territórios, agricultoras, professoras, doutoras em educação, pedagogas, artesãs, universitárias e mestras dos saberes ancestrais quilombolas passaram a se reunir mensalmente com o intuito de partilhar vivências, estudar autoras como bell hooks, Angela Davis, Carolina de Jesus e elaborar táticas de fortalecimento e defesa dos territórios quilombolas. "Primeiramente nós lutamos muito pelo nosso território. (...) Também pela saúde, escola, estrada boa. Só que teve uma hora que precisamos parar e pensar no que ainda precisamos lutar para adquirir os direitos das mulheres negras, das mulheres quilombolas e das mulheres agricultoras", aponta a quilombola Elvira Morato, da comunidade São Pedro e integrante do coletivo.Sem fontes de financiamento, já ocorreram vezes das mulheres irem caminhando de uma comunidade a outra para participarem dos encontros. As associações de cada território, cedem o espaço físico e estruturas locais, apoiando a iniciativa. Fortalecer a organização das mulheres é fortalecer o território coletivo.
Os dois anos parecem pouco, mas são somente a consolidação das lutas de mulheres como Roza Machado, Maria Mereciana, Nizete e muitas outras que se foram, mas continuam presente em cada momento da resistência comunitária. É a continuidade da resistência ao racismo, machismo, racismo institucional, homofobia, racismo ambiental e tantas outras formas de opressão impostas a essa parte da população, cujos ancestrais construíram essa nação.
Vida longa ao Coletivo Mulheres Quilombolas na Luta!
Que continue inspirando mulheres e homens de dentro e de fora dos territórios quilombolas a lutarem contra as opressões!
Sigamos na luta!