No último dia 14 de Maio de 2018 ocorreu o IV Bate-Papo no Quilombo São Pedro. Promovido pelo Grupo Cultural Puxirão Bernardo Furquim, com apoio da Associação Quilombo São Pedro, o evento é parte de uma série de encontros que focam a formação da comunidade em geral. Crianças, jovens, adultos e idosos da comunidade se fizeram presentes para trocas de informações e conhecimentos acerca do tema “Reflexões sobre o treze de maio”. Também estiveram presentes as professoras Tania Américo, Viviane Marinho Luiz, Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba, residentes do Quilombo Ivaporunduva; Laudessandro Marinho da Silva e Cristiano Furquim, graduados em Administração, também da comunidade vizinha.
Os trabalhos foram mediados através de apresentação realizada sobre principais dispositivos legais/históricos que contribuíram para a marginalização do povo negro no Brasil, resultando na ausência de reconhecimento de direitos territoriais, elevada taxa de homicídio—sobretudo de jovens, racismo ambiental, entre outros. As discussões ainda contaram com importantes contribuições e direcionamentos de integrantes intelectuais do próprio Quilombo São Pedro como a professora Márcia Cristina Américo, Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba; Vanessa de França, Daniela Joana de França e Elizete de França Dias, estudantes do curso de Pedagogia.
Na
ocasião fora ressaltada a importância e necessidade de conhecermos a nossa
história, a real história do povo negro quilombola, que no Brasil fora
deturbada em função da história contada pelo colonizador que até hoje é tida
como verdade para muitos. O “Treze de Maio não é pra se comemorar, mas para
refletir sobre as mazelas do nosso povo negro e os reflexos de uma abolição inacabada”,
disse Márcia Américo. Neste sentido, o evento indicou várias possibilidades
para outras discussões como racismo, democratização da mídia, direitos
territoriais, troca de conhecimentos tradicionais, educação escolar quilombola
entre outros.
Neste
momento de caça aos direitos de minorias que o Brasil vem atravessando é
essencial a manutenção das comunidades tradicionais. Elas são as principais
responsáveis pela salvaguarda e continuidade da história, esperança e resistência,
através dos modos de viver, se relacionar e preservar os recursos naturais;
passados de geração em geração, daí a importância do encontro entre saberes/conhecimentos
acadêmicos/ científicos e tradicionais. Visando isso, a maioria dos
participantes do encontro sugeriu que as/os próximas/os expositoras/es sejam os
nossos mais velhos, que tem muito a nos ensinar.
Fotos: fonte própria
Fotos: fonte própria
* Luiz Ketu (Luiz Marcos de França Dias- Líder comunitário, militante da temática negra com foco em Educação Escolar Quilombola, membro do Conselho de Educação Escolar Quilombola da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, Professor de Educação Básica da Rede Pública Estadual e Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba/UNIMEP)